Dedico este post aos fãs de Bjork, nos quais me incluo.
Segue o texto da matéria que comentei no post anterior.
Bjork Sem Açucar
por Darren Kessler
Os Sugarcubes aumentaram sua popularidade global no fim dos anos 1980 aparentemente com pouco esforço, já que seus integrantes moravam literalemente isolados na Islandia, não tinham empresário e só gravavam e davam shows quando sentiam urgência unânime. E existiam problemas neste coletivo de livres e flutuantes espíritos nórdicos. Muitos dos Cubes não exatamente concordavam em muitos tópicos, incluindo o mais importante, a música.
Foi a situação estática da banda que levou sua enérgética vocalista em alto grau, Bjork, a buscar novas oportunidades. Afinal, foram seus gritos, uivos, grunhidos e guinchos estridentes que alcançam múltiplas oitavas, a marca registrada que ajudou a criar para o Sugarcubes uma inconfundível e cortante sonoridade vocal. Assim, como nada a forçou ficar na Islândia, ela decidiu que era hora de se aventurar e testar outros mares independentes.
O primeiro movimento de Bjork foi deixar Rijkivik por Londres com seu filho pequeno e começar a escrever material novo, juntando idéias e procurando os colaboradores capazes de se juntar a seu vôo solo, Debut (Elektra). Na trajetória de suas onze faixas, Debut se apresenta provocante, num imprevisível mosaico sonoro bem amarrado com cadarços que puxam para o club, jazz e pop music, tudo isso fluindo como mel após a produção de Nellee Hooper, do Soul II Soul.
De todo jeito, a cantora não tinha laços muito fortes com seus colegas islandeses. "Basicamente, o Sugarcubes nunca foi uma banda por período integral. No momento, a mesma situação acontece em relação ao término da banda," explica Bjork tomando café da manhã num balcão em Manhattan. Com roupas divertidas, usa um apertado sarongue branco e uma curtíssima camiseta azul que pouco cobre a barriga. É a primeira vez que ela fala a um jornalista americano sobre Debut e o estado atual dos Sugarcubes, e parece se divertir ao contar sua história.
Um motivo para o Sugarcubes interromper os trabalhos? "Bem, cada um de nós tinha gostos diferentes de música," responde a exótica vocalista enquanto levanta uma manga para coçar o braço e revela uma tatuagem de desenho intrincado. Pára um instante para recuperar um pensamento, então põe a língua para fora e dá uma risadinha tímida. "Eu sou provavelmente a única que está por dentro do que está acontecendo hoje (na música). Os outros estão mais para Julio Iglesias, Fellini music e classic rock. Sempre competíamos nos ônibus dos shows, era horrível: cada um podia tocar duas músicas e todos reclamavam sobre elas e xingavam. A gente não podia ter gostos mais diferentes entre si."
Depois de ter sido trancada no que ela chama de formato rígido por tantos anos com os Sugarcubes, Bjork se esbaldou de sua liberdade criativa recém-descoberta com Debut. "Este disco é sobre muitas coisas, mas é também sobre o fato de estar numa banda por todos estes anos e sempre ter bateria, guitarra e baixo," diz Bjork enquanto procura cuidadosamente as próximas palavras através da janela. "Não é mal [tocar no confinamento das possibilidades destes instrumentos] mas quando se faz isso por tanto tempo, fica-se um pouco neurada [quando se fica sozinha] e você passa a querer nove harpas, dois xilofones, três cantores de ópera e uma bateria eletrônica na base."
Ao explorar sua nova autonomia, reuniu a ajuda de um contingente internacional, incluindo uma seção de cordas e saxofone vindos de Bombaim, na Índia, em "Come to me" e em "Venus as a boy"; em "Violently Happy" o inglês de Manchester Graham Massey (do 808 State) foi responsável pelas batidas e grooves, o harpista septuagenário de Los Angeles Corky Hales participa do jazz suave de "Like someone in love". O resultado musical e psíquico para senhorita Bjork? Pura, doce felicidade.
Ao expressar seus sentimentos de prazer com Debut e a realização de seu sonho, Bjork sabe que fez uma grande aposta em sair andando por si mesma. Além disso, ela sabe que é ainda mais sortuda por que a tentativa não se disvirtuou nem se perdeu. "Sei que tive sorte", confessa prontamente. Põe a língua para fora novamente com orgulho e prazer. "Muita gente está tentando chegar na posição em que estou de ter uma gravadora que paga para fazer seus sonhos e idéias se realizarem, incrível. Estou muito consciente que este é um período importante da minha vida; foi assim por todo o período de gravação do album. Senti o tempo todo que este pode ser o único album que jamais farei, e pode ficar exatamente como quero."
Agora que Bjork conseguiu escrever e gravar o album que tanto quis por tanto tempo, seu próximo dilema será decidir como colocar seu show na estrada. Pelos diversos estilos em Debut, é certo que não será uma tarefa fácil. "Terá que ter seus truques", ela ri, "porque vou precisar reunir um grupo interessante e versátil de quinze instrumentistas entre programadores de bateria, violinistas indianos, saxofonistas e harpistas! Não quero viajar por aí com fitas pré-gravadas, e não quero imitar o que Nelee e eu fizemos em estudio com computadores. Quero que o show ao vivo seja diferente." Bem, pelo menos a tour neste ônibus será interessante. "É," Bjork guincha, "e também vai parecer um anúncio da Beneton".
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Um comentário:
Conheci as músicas da Bjork a pouco tempo e acho ela inacreditável... fico viajando na possibilidade de fazer algo pro fulldome com as músicas dela. Imagina? Hahahaha!
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